A adenomiose é um subtipo da endometriose que também pode causar problemas de infertilidade feminina. Para compreender melhor sobre a doença, é preciso entender melhor sobre o endométrio.
O endométrio é a camada que reveste a parede interna do útero, uma região muito vascularizada e cheia de glândulas, onde ocorre a menstruação. Por motivos ainda desconhecidos, em alguns casos são encontrados fragmentos do endométrio fora da cavidade uterina como nas trompas, ovários ou na cavidade abdominal. Essa alteração provoca sangramento e inflamação toda a vez que a mulher entra no ciclo menstrual. Esse fragmento anômalo recebe o nome de endometriose.
A adenomiose é uma doença semelhante à endometriose, porém neste caso, essa parcela do endométrio é encontrada dentro do miométrio, uma camada muscular do próprio útero responsável pela contração uterina no trabalho de parto. Essa variação também causa inflamação no local quando a mulher entra no ciclo menstrual. Ou seja, pode-se dizer que a adenomiose é uma endometriose que ocorre no próprio útero.
Essa enfermidade é benigna e existem dois tipos:
• Focal ou localizada: caracterizada pela presença das glândulas e tecido endometrial em determinada região do útero.
• Difusa: caracterizada pela presença das glândulas e tecido por toda a extensão interna do útero.
A doença pode ainda ser classificada como superficial, intermediária e profunda, dependendo de quantas camadas de músculos são afetadas e dos tamanhos dos fragmentos.
Não há ainda um estudo que comprove as causas da adenomiose, mas existem algumas teorias sobre o surgimento. Uma das hipóteses é que a doença seja de origem congênita (adquirida antes do nascimento ou até um mês de vida) ou relacionada a alguma má-formação do útero na fase embrionária.
Outra tese é que a doença possa ser adquirida durante a vida, ocasionada por lesões no útero, como uma incisão cirúrgica da cesariana, por exemplo, que pode levar células do endométrio (camada interna do útero) para o miométrio (camada intermediária do útero).
A única certeza é que o aparecimento da enfermidade tem influência dos hormônios femininos, o que explica a maior ocorrência em mulheres em idade próxima aos 40 anos. Mas além da idade, outros fatores influenciam o surgimento da enfermidade, como;
• Realizar mais de uma cesariana;
• Primeira menstruação precoce;
• Ciclos menstruais curtos.
A doença acomete principalmente mulheres entre os 35 e 50 anos. No entanto, 1/3 delas não apresentam sintomas. Já 2/3 que desenvolvem algum sinal, geralmente aparece após dois ou três anos depois do parto cesariano, e desaparece após a menopausa. Por isso em alguns casos não há necessidade de recorrer a um tratamento.
Os principais sintomas de adenomiose são:
• Inchaço na barriga;
• Cólica menstrual forte;
• Dor durante a relação sexual;
• Aumento do fluxo e duração do ciclo menstrual;
• Prisão de ventre e/ou dor ao evacuar.
Em casos de adenomiose difusas, o útero pode crescer e chegar a um tamanho semelhante ao de uma gravidez de 12 semanas. Já em casos localizados, o tecido endometrial pode formar nódulos, tornando-se parecido a um mioma. Devido a essa semelhança, muitas vezes, é difícil identificar a adenomiose.
O diagnóstico pode ser realizado por meio dos sintomas (caso houver), exame físico e exame de imagem.
Entre os possíveis exames encontram-se:
Ultrassonografia
Não é um exame invasivo e é possível diagnosticar sua presença devido à aparição de heterogeniedade miometrial, ecogenecidade aumentada ou diminuída e microcistos miometriais e periendometriais. A sensibilidade do método é de aproximadamente 85%.
Ressonância Magnética
É uma prática mais precisa e sensível para essa patologia, podendo notar miométrio difusamente heterogêneo e o espaçamento e/ou irregularidade da zona juncional.
Existe tratamento para adenomiose?
Cada caso deve ser analisado separadamente e apenas o médico especialista deverá avaliar qual é o melhor tratamento para a paciente. Entre os possíveis métodos estão:
• Medicamento hormonal, como o anticoncepcional com progesterona ou o uso contínuo para suspender a menstruação;
• Analgésicos, para aliviar a dor;
• DIU – Dispositivo Intra Uterino.
Caso a enfermidade meça mais de 10mm, o organismo da mulher não responda aos tratamentos clínicos e ela não tenha mais a intenção de ter filhos, é indicada a retirada do útero por meio de histerectomia, que pode ser realizada por via abdominal (é feito um corte no abdômen), via vaginal ou laparoscopia (pequenos cortes no umbigo e na região inguinal, introduzindo uma câmera que possibilita a visualização da cavidade interna).
Adenomiose causa infertilidade?
Dependendo da extensão da adenomiose ela pode causar a infertilidade feminina sim, devido à dificuldade de o embrião se fixar na parede do útero ocasionando abortos espontâneos ou falhas na implantação. Além disso, na maioria dos casos em que a mulher apresenta um quadro de adenomiose, também é diagnosticada a endometriose, que é apontada atualmente como um dos principais fatores de infertilidade feminina.