Casais Homoafetivos

Cada vez mais casais homossexuais procuram clínicas de reprodução humana para terem filhos. 

A ÉTICA MÉDICA RESOLUÇÃO CFM N. 2.168, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017

Adota as normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida – sempre em defesa do aperfeiçoamento das práticas e da observância aos princípios éticos e bioéticos que ajudam a trazer maior segurança e eficácia a tratamentos e procedimentos médicos -, tornando-se o dispositivo deontológico a ser seguido pelos médicos brasileiros e revogando a Resolução CFM nº 2.121, publicada no D.O.U. de 24 de setembro de 2015, Seção I, p. 117.

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, alterada pela Lei nº 11.000, de 15 de dezembro A ética médica de 2004, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, e pelo Decreto nº 6.821, de 14 de abril de 2009, e associada à Lei nº 12.842, de 10 de julho de 2013, e ao Decreto nº 8.516, de 10 de setembro de 2015, CONSIDERANDO a infertilidade humana como um problema de saúde, com implicações médicas e psicológicas, e a legitimidade do anseio de superá-la;

PACIENTES DAS TÉCNICAS DE RA

  1. Todas as pessoas capazes, que tenham solicitado o procedimento e cuja indicação não se afaste dos limites desta resolução, podem ser receptoras das técnicas de RA, desde que os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos, conforme legislação vigente.
  2. É permitido o uso das técnicas de RA para relacionamentos homoafetivos e pessoas solteiras, respeitado o direito a objeção de consciência por parte do médico.
  3. É permitida a gestação compartilhada em união homoafetiva feminina em que não exista infertilidade. Considera-se gestação compartilhada a situação em que o embrião obtido a partir da fecundação do(s) oócito(s) de uma mulher é transferido para o útero de sua parceira.

DOAÇÃO DE GAMETAS OU EMBRIÕES

  1. A doação não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.
  2. Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.
  3. A idade limite para a doação de gametas é de 35 anos para a mulher e de 50 anos para o homem.
  4. Será mantido, obrigatoriamente, sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores. Em situações especiais, informações sobre os doadores, por motivação médica, podem ser fornecidas exclusivamente para médicos, resguardando-se a identidade civil do(a) doador(a).
  5. As clínicas, centros ou serviços onde são feitas as doações devem manter, de forma permanente, um registro com dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores, de acordo com legislação vigente.
  6. Na região de localização da unidade, o registro dos nascimentos evitará que um(a) doador(a) tenha produzido mais de duas gestações de crianças de sexos diferentes em uma área de um milhão de habitantes. Um(a) mesmo(a) doador(a) poderá contribuir com quantas gestações forem desejadas, desde que em uma mesma família receptora.
  7. A escolha das doadoras de oócitos é de responsabilidade do médico assistente. Dentro do possível, deverá garantir que a doadora tenha a maior semelhança fenotípica com a receptora.
  8. Não será permitido aos médicos, funcionários e demais integrantes da equipe multidisciplinar das clínicas, unidades ou serviços participar como doadores nos programas de RA.
  9. É permitida a doação voluntária de gametas, bem como a situação identificada como doação compartilhada de oócitos em RA, em que doadora e receptora, participando como portadoras de problemas de reprodução, compartilham tanto do material biológico quanto dos custos financeiros que envolvem o procedimento de RA. A doadora tem preferência sobre o material biológico que será produzido.

SOBRE A GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO (CESSÃO TEMPORÁRIA DO ÚTERO)

As clínicas, centros ou serviços de reprodução assistida podem usar técnicas de RA para criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética, em união homoafetiva ou pessoa solteira.

  1. A cedente temporária do útero deve pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe/filha; segundo grau – avó/irmã; terceiro grau -tia/sobrinha; quarto grau – prima). Demais casos estão sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina.
  2. A cessão temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.
  3. Nas clínicas de reprodução assistida, os seguintes documentos e observações deverão constar no prontuário da paciente:
    3.1. Termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos pacientes e pela cedente temporária do útero, contemplando aspectos biopsicossociais e riscos envolvidos no ciclo gravídico-puerperal, bem como aspectos legais da filiação;
    3.2. Relatório médico com o perfil psicológico, atestando adequação clínica e emocional de todos os envolvidos;
    3.3. Termo de Compromisso entre o(s) paciente(s) e a cedente temporária do útero (que receberá o embrião em seu útero), estabelecendo claramente a questão da filiação da criança;
    3.4. Compromisso, por parte do(s) paciente(s) contratante(s) de serviços de RA, de tratamento e acompanhamento médico, inclusive por equipes multidisciplinares, se necessário, à mãe que cederá temporariamente o útero, até o puerpério;
    3.5. Compromisso do registro civil da criança pelos pacientes (pai, mãe ou pais genéticos), devendo esta documentação ser providenciada durante a gravidez;
    3.6. Aprovação do cônjuge ou companheiro, apresentada por escrito, se a cedente temporária do útero for casada ou viver em união estável.

CASAIS HOMOAFETIVOS FEMININOS

Em qualquer casal homoafetivo, não é possível gerar uma criança com material genético de duas mulheres ou dois homens. Nos casais femininos, sempre é necessário utilizar sêmen doado, podendo haver duas possibilidades: inseminação artificial ou fertilização in vitro.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL E FERTILIZAÇÃO IN VITRO (FIV)

A inseminação artificial é um método acompanhado por um médico e consiste no processo de colocar o sêmen direto na cavidade intrauterina, perto das trompas, portanto a fertilização ocorre no interior do organismo materno, como em uma gravidez espontânea, ao passo que a FIV é totalmente diferente, pois a fertilização e o desenvolvimento embrionário inicial ocorrem no laboratório de fertilização. Na inseminação, sempre uma das mulheres irá gestar com seus próprios óvulos. Já a FIV chama-se fertilização in vitro porque a fecundação é feita em laboratório (veja detalhes mais à frente), ou seja, diferentemente do que ocorre no método natural, a formação do embrião (junção do gameta feminino, o óvulo, com o gameta masculino, o espermatozoide) acontece fora do útero da mulher. Aqui teremos duas possibilidades: na primeira, uma das mulheres vai gestar com os seus próprios óvulos, na segunda é a gestação compartilhada. Neste caso, as duas mulheres passam por exames que avaliam a capacidade reprodutiva, anatomia uterina, análise de fatores como idade e doenças como diabetes, hipertensão etc. Dessa forma, é possível que uma mulher viva a gestação do filho biológico de sua parceira. Esse método é garantido como direito pelo Conselho Federal de Medicina, desde a Resolução CFM nº 2.121/2015, e reafirmado na Resolução CFM nº 2.168/2017.

Pontos importantes a serem levados em consideração são a idade e a saúde da mulher que vai doar/fornecer o óvulo. Sabe-se que a idade do óvulo é um fator fundamental para as chances de sucesso, independente de qual técnica de reprodução assistida foi a indicada, assim como na incidência de complicações materno-fetais.

CONSULTA E EXAMES IMPORTANTES PREPARATÓRIOS

Todas as mulheres que se submeterão a um tratamento de reprodução assistida devem procurar um centro especializado em reprodução humana para avaliação. Na consulta serão explicados todo o processo necessário para o tratamento, as opções, assim como chances de sucesso e limitações. Vale lembrar que a idade da mulher e a reserva ovariana são muito importantes para se avaliar a chance de gravidez.

Além de ser explicado todo o processo às parceiras, elas deverão passar por uma avaliação clínica e ginecológica para escolher qual procedimento adotado, assim como quem desempenhará cada papel.

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Caso optem por inseminação intrauterina, somente aquela que vai ser submetida ao tratamento deverá passar por avaliação. Caso seja fertilização in vitro, é preciso identificar quem terá os ovários estimulados e quem vai gestar para que os exames sejam direcionados de acordo com o papel que cada uma desempenhará: os exames de função ovariana para a que fornecerá os óvulos e os de avaliação uterina e falhas de implantação para aquela que irá gestar. Caso a mesma mulher for desempenhar os dois papéis, somente ela passará por avaliação, de forma completa.

No caso de quem fornecerá os óvulos, a avaliação clínica é importante para saber se não há riscos para a estimulação ovariana com hormônios (chance de trombose, câncer hormônio dependente) ou de acidentes na hora da coleta (cirurgias pélvicas, tumores pélvicos, endometriose). Isso é importante para se escolher o melhor esquema de estimulação e planejar a coleta de óvulos. Além disso, avaliação ginecológica e ultrassom para avaliar os ovários em relação a tamanho, número de folículos e acessibilidade dos mesmos.

Para a que vai gestar, devemos avaliar doenças clínicas que podem afetar a gravidez, além de um exame ginecológico e ultrassom para avaliar a anatomia do útero que deve ser perfeita para receber os embriões.

Exames Necessários para as pacientes submetidas à Fertilização in vitro (FIV)

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* pedidos somente se necessários

Para as pacientes que serão submetidas a Inseminação Intrauterina, por ser um procedimento mais simples, os exames, em geral, não necessitam ser tão elaborados e devem ser individualizados. Um exame importante que não incluímos na FIV, mas que é importante no caso da inseminação, é uma avaliação das trompas com HISTEROSSALPINGOGRAFIA.

BANCOS DE SÊMEN

Os bancos de sêmen fornecem, pelos seus sites, um catálogo que descreve detalhes particulares dos doadores anônimos, como cor dos olhos, cabelos, estatura, profissão, hobbies etc. São poucos os bancos de sêmen no Brasil e, por isso, nem sempre é fácil achar uma amostra de doador compatível com as características do futuro pai. Muitas vezes não se encontra, nas amostras disponíveis, características físicas que coincidam com a aparência.

Bancos de Sêmen no Brasil

Pro-seed – São Paulo (www.pro-seed.com.br)

Este é praticamente o único banco de sêmen no Brasil com o maior número de amostras disponíveis. Os demais são muito pequenos e oferecem um número restrito de amostras. O banco de sêmen fornece às clínicas de reprodução humana um catálogo numerado. Cada número corresponde a um doador que vem seguido das características físicas e pessoais: etnia, tipo de sangue, tipo físico, estatura, cor dos olhos, cabelo, pele, ascendência, qualificações profissionais e hobby. Os doadores são selecionados segundo os critérios: idade superior a 21 anos e inferior a 40 anos, integridade física e mental comprovada, fertilidade reconhecida, ser anônimo e sem benefício financeiro. A amostra escolhida deverá estar em harmonia com as características físicas e intelectuais desejadas pelo casal.

Os doadores realizam os seguintes exames laboratoriais: Hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV I e II, Sífilis, Cariótipo simples e cultura seminal (pesquisa de bactéria e fungos no sêmen). Os exames são realizados no dia da coleta e repetidos após seis meses. Depois desse período, as amostras são liberadas.

O cadastro dos doadores está disponível para as clínicas de reprodução humana, sem os nomes dos doadores, somente numerados para identificação e apresentado aos pacientes interessados da seguinte maneira:

Banco de Sêmen Internacional

Seattle Sperm Bank (www.seattlespermbank.com)

FairFax Cryobank – São Paulo (http://www.fairfaxcryobank.com.br/)

O Fairfax Cryobank é representado no Brasil por Crio Brasil Serviços, distribuidor exclusivo dos produtos.

Os bancos de sêmen internacionais têm a vantagem de fornecer mais características do doador e, em alguns casos, disponibilizar inclusive fotos. Tem a desvantagem do custo mais elevado e a demora de cerca de 40 dias para chegar a amostra.

INDIVIDUALIZAR OS TRATAMENTOS PARA CADA CASAL É FUNDAMENTAL!

Para se definir o melhor protocolo para a estimulação ovariana é importante compreender o significado de “individualizar”. Individualizar significa ajustar algo para que melhor se adéque aos requisitos de alguém; personalizar. Assim, o protocolo de estimulação ovariana deve ser individualizado para cada paciente de acordo com o histórico e a situação em que se encontra. 

CASAIS HOMOAFETIVOS MASCULINOS

Para os casais homoafetivos masculinos, o sonho da paternidade é um pouco mais complicado, mas sim, possível. É mais difícil primeiramente porque sempre deve ser por fertilização in vitro (FIV) utilizando óvulos doados. Além disso, a posterior gestação necessitará ser em útero de substituição.

O primeiro passo é que o casal selecione uma doadora de óvulos anônima. Nesse caso, a doação de óvulo segue as normas normais estabelecidas pela Resolução do CFM, ou seja: a doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial e os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.

No caso da doação temporária de útero, o CFM estabelece que “as doadoras temporárias do útero devem pertencer à família de um dos parceiros num parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe/ filha; segundo grau – irmã/ avó; terceiro grau – tia/sobrinha; quarto grau – prima), que ceda o seu útero para a gestação dos embriões. Em todos os casos respeitada a idade limite de até 50 anos. Também não pode haver caráter lucrativo nem comercial.

A última etapa consiste na escolha de quem coletará os espermatozoides.

Assim, resumidamente, é realizado o procedimento de fertilização in vitro, no qual o óvulo doado anonimamente é fertilizado em laboratório, com os gametas masculinos coletados de um dos parceiros e, depois do desenvolvimento inicial, os embriões são implantados no útero de substituição e, dessa forma, a gestão acontece. É possível que parte dos óvulos seja fertilizada com sêmen de um dos homens do casal e a outra parte dos óvulos com o sêmen do parceiro, formando embriões de ambos e, então, transferindo um embrião de cada ao útero.

A doadora de óvulos e a mulher que vai ceder o útero não podem ser a mesma pessoa. A doadora deve ser anônima, enquanto o útero deve ser de alguma parente de até quarto grau.

CONSULTA E EXAMES IMPORTANTES PREPARATÓRIOS

Todos os casais homoafetivos masculinos que desejam um tratamento de reprodução assistida devem procurar um centro especializado em reprodução assistida para avaliação. Nesta consulta será explicado todo o processo necessário para o tratamento, assim como as chances de sucesso e limitações.

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Além de explicar todo o processo, o doador do sêmen deverá passar por uma avaliação da fertilidade através do exame de espermograma. É importante também que mulher que irá gestar para o casal também passe em consulta e por uma avaliação médica e ginecológica.

Espermograma: avaliação mínima do homem

O espermograma é o exame inicial, o mais importante e o principal parâmetro para avaliar a fertilidade masculina, embora não seja o único, nem definitivo, pois, em condições ideais, os resultados podem ser variáveis, ora melhor, ora pior. Por isso, nem sempre um único exame garante a conclusão do resultado, sendo necessária, em alguns casos, a repetição por mais uma ou duas vezes, em intervalos de pelo menos 15 dias. O laboratório escolhido para este exame deve ser de excelência e seguir todas as recomendações internacionais de análise do sêmen. Caso contrário, o exame poderá ser incompleto e inconclusivo, e repercutirá negativamente na avaliação do homem. O sêmen é obtido por masturbação e o homem precisa estar com no mínino dois e no máximo cinco dias de abstinência sexual. Períodos inferiores a um dia ou superior a cinco não são recomendados.

Segue a lista de exames solicitados além do espermograma:

  • Hemograma completo e tipagem sanguínea;
  • Sorologias: hepatite B, hepatite C, toxoplasmose, citomegalovírus, sífilis, HIV 1 e 2, HTLV 1 e 2, Zika Vírus – IgM e, atualmente, sarampo;
  • Outros exames podem ser solicitados em situações especiais e de forma individualizada: ultrassom de bolsa escrotal, cariótipo com Banda G (avalia os cromossomos do paciente), perfil metabólico (colesterol, triglicérides e outros), hormônios (FSH, LH, testosterona total e livre, estradiol, TSH, T4 livre e prolactina), entre outros.

DOADORAS DE ÓVULOS

É ética e legal, contanto que não haja fins comerciais e seja anônima. Portanto, a doadora não saberá a identidade do casal receptor e vice-versa – é o que determina a lei e a ética. Chamamos de doadora a mulher que será estimulada para um ciclo de FIV, do qual resultará a coleta de vários óvulos que serão doados, na sua totalidade (doação exclusiva) ou metade deles (doação compartilhada), para outro casal, sendo os embriões transferidos ao útero de outra mulher (no caso de casais homoafetivos masculinos, para a barriga solidária).

AVALIANDO E SELECIONANDO AS PACIENTES DOADORAS

No Brasil a ovodoação é obrigatoriamente anônima, ou seja, nem a doadora nem a receptora sabem a identidade de uma ou de outra, diferente dos Estados Unidos, onde o casal pode escolher uma doadora conhecida. É muito comum o casal pedir para que a irmã ou parente de um deles doe o óvulo para ser fertilizado com o sêmen do parceiro, tendo a criança, então, características da família dos dois membros do casal. ISSO NÃO É PERMITIDO NO BRASIL! No Brasil também não é permitida nenhuma transação comercial neste tipo de tratamento. A doação deve ser voluntária e sem fins lucrativos. Segundo a Resolução CFM nº 2.168/2017, é permitida a chamada doação compartilhada, isto é, uma mulher, em tratamento para engravidar, pode doar parte dos seus óvulos, em troca do custeio de parte do tratamento.

Por essa resolução, a idade limite para ser doadora é 35 anos. 

Dessa forma, para ser doadora, a mulher deve ter as seguintes características:

  • Idade entre 18 e 35 anos;
  • Bom nível intelectual;
  • Histórico negativo de doenças genéticas transmissíveis;
  • Teste negativo para doenças infecciosas sexualmente transmissíveis;
  • Boa reserva ovariana

Como o casal escolhe a doadora?

Quando se utiliza óvulos doados, há, primeiramente, duas possibilidades de escolha:

  • óvulos vitrificados: a doadora já foi submetida ao processo de estimulação ovariana e coleta de óvulos que foram, então, congelados. Tem a vantagem de saber já quantos óvulos estão disponíveis.
  • óvulos frescos: neste caso, as doadoras estão aguardando para iniciar o tratamento que deverá ser realizado simultâneo ao preparo da mulher que irá gestar. Tem a vantagem dos óvulos serem frescos, mas a desvantagem de não sabermos exatamente quantos óvulos a doadora terá.

Em termos de chances de sucesso, atualmente, as taxas estão praticamente iguais comparando óvulos frescos e congelados.

O casal terá acesso ao questionário com todas as características físicas da doadora e uma foto dela quando criança.

As doadoras devem ter entre 18 e 35 anos de idade. Quanto mais velha a doadora menor a chance de gravidez da receptora devido à diminuição natural da chance de engravidar em função do aumento da idade materna.

Quem são as doadoras?

  • Pacientes do programa de fertilização in vitro ou inseminação artificial com altas respostas ao estímulo ovariano, às vezes, desejam de forma voluntária e anônima doar parte dos óvulos obtidos ou embriões excedentes;
  • Doação compartilhada: É a situação mais comum. Neste caso, a receptora recebe os óvulos doados de uma paciente submetida à FIV que doa parte de seus óvulos em troca do custeio de parte do seu tratamento. Desta forma, o casal e a doadora estão se ajudando mutuamente.
  • Óvulos e embriões congelados provenientes de mulheres submetidas à tratamentos de FIV que engravidaram e tiveram seu(s) filho(s). De alguma forma, o sucesso do tratamento já realizado indica uma boa qualidade destes óvulos. Estas pacientes, quando não desejam ter mais filhos, muitas vezes doam os óvulos ou embriões excedentes. Vale ressaltar que a doação de óvulos é muito mais fácil de ser aceita pela paciente em relação à doação de embriões.
  • Doação por generosidade pura: Algumas mulheres de maneira altruística ou já beneficiadas por tratamentos anteriores de FIV, não desejando mais ter filhos e movidas por um sentimento de gratidão, se oferecem para doar seus óvulos sem qualquer benefício.
  • Cada clínica deve manter um registro de todas as doadoras e receptoras bem como dos resultados de cada tratamento, de preferência até o nascimento dos bebês. Além de serem confidenciais, a confiabilidade dos arquivos médicos deve ser respeitada como qualquer outro. A liberação de informações só poderá ser feita mediante autorização expressa do paciente.

ÚTERO DE SUBSTITUIÇÃO (BARRIGA SOLIDÁRIA)

Como dito, segundo o CFM, a mulher que será a barriga solidária deverá ser parente de até quarto grau de um dos membros casal (mãe, filha, irmã, avó, tia, sobrinha ou prima) e já ter tido filhos. Em todos os casos respeitada a idade limite de até 50 anos. Também não pode haver caráter lucrativo nem comercial.

Há situações em que o casal não possui uma pessoa com ligações consanguíneas para ceder seu útero para gestação. Isso ocorrendo, o caso é enviado ao Conselho Federal de Medicina para uma avaliação da possibilidade de realização do tratamento. Em outros países há mais possibilidades, pois se pode pagar a uma mulher pelo “aluguel” do seu útero ou comprar óvulos. Porém, essas opções continuam proibidas no Brasil.

A mulher que irá gestar deve passar em consulta onde serão explicados os procedimentos necessários, implicações e riscos. Além disso, deve passar por uma avalição clínica e ginecológica, além de uma avaliação psicológica.

Exames necessários:

  • Citologia oncótica (Papanicolau)
  • Exame de secreção vaginal: bacteroscopia e cultura, culturas para micoplasma / ureaplasma, Neisseria gonorrhoeae e pesquisa de clamídia por PCR.
  • Sorologias: hepatite B, hepatite C, sífilis, HIV 1 e 2 e HTLV 1 e 2, rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, Zika vírus – IgM e, atualmente, sarampo
  • Hormônios: TSH, T4 livre e prolactina.
  • Ultrassom transvaginal
  • exames clínicos gerais: Tipagem sanguínea, hemograma completo, coagulograma, vitamina D, colesterol e frações, triglicérides, glicemia de jejum. Dependendo da idade e antecedentes, avaliação clínica mais completa com ECG, ecocardio, etc.
  • Outros exames podem ser solicitados de forma individualizada: trombofilias, anticorpos, ressonância nuclear magnética de pelve ou ultrassom transvaginal com preparo intestinal para pesquisa de endometriose/adenomiose, vídeo-histeroscopia e biópsia do endométrio, mamografia e /ou ultrassom de mamas.
  • Avaliação psicológica
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COMO É FEITA A FIV EM CASAIS HOMOAFETIVOS MASCULINOS?

1- Sincronizando a doadora e útero de substituição

Se formos utilizar óvulos frescos, é necessário sincronizar o ciclo da doadora com a dona do útero. Existem vários protocolos que podemos utilizar para sincronizar as duas como, por exemplo, os análogos do GnRh, o uso de pílulas anticoncepcionais ou o uso concomitante de análogos e antagonistas de GnRh. O importante é fazer com que as duas possam iniciar juntas o tratamento. A doadora iniciará com injeções para estimular a ovulação enquanto a receptora iniciará com medicações via oral para preparar o útero para receber o embrião.

No caso de óvulos congelados, o preparo do útero pode se iniciar no início do ciclo que desejarem.

2- Tratamento da doadora

O ciclo de doação de óvulos é realizado pela técnica de Fertilização in vitro já descritos anteriormente neste e-book (vide Fertilização in vitro (FIV)). A doadora é submetida a estimulação ovariana usual para um ciclo de FIV. Se forem utilizar óvulos frescos, no dia da coleta, o homem que irá fornecer o sêmen deve colher uma amostra por masturbação no mesmo laboratório que os óvulos foram coletados e os óvulos maduros serão submetidos ao processo de fertilização (ICSI).

Quando o processo for realizado pela doação compartilhada, metade dos óvulos serão fertilizados com os espermatozoides do marido da doadora e a outra metade com os espermatozoides do casal receptor. Se houver número ímpar de óvulos, a doadora fica com um óvulos a mais.

3- Tratamento da barriga solidária

O preparo do endométrio é idêntico ao descrito para os outros casais. 

Inicia-se o preparo com estradiol e, no dia da coleta dos óvulos da doadora, a receptora iniciará o uso da progesterona a noite, desde que seu endométrio esteja adequado (pelo menos maior que 7 mm, de aspecto trilaminar). Se não estiver adequado, vale a pena congelar os embriões e aguardar que esteja favorável.

Se os óvulos já estiverem congelados, o preparo do endométrio pode ser feito com ciclo natural ou com estradiol. Neste caso, no dia da ovulação (se ciclo natural) ou quando endométrio estiver adequado (após pelo menos 10 dias de estradiol), os óvulos são descongelados e fertilizados com o sêmen coletado de um dos membros do casal. Neste dia, a barriga solidária inicia uso de progesterona e os embriões são transferidos ao seu útero de 3 a 5 dias após.

Se os óvulos já estiverem congelados, o preparo do endométrio pode ser feito com ciclo natural ou com estradiol. Neste caso, no dia da ovulação (se ciclo natural) ou quando endométrio estiver adequado (após pelo menos 10 dias de estradiol), os óvulos são descongelados e fertilizados com o sêmen coletado de um dos membros do casal. Neste dia, a barriga solidária inicia uso de progesterona e os embriões são transferidos ao seu útero de 3 a 5 dias após.

Em relação ao número de embriões transferidos, considerando que as doadoras de óvulos tem menos de 35 anos, pode-se transferir no máximo 2 embriões!!!!

O teste de gravidez é realizado de 10 a 12 dias após a transferência embrionária, o caso de beta-hCG positivo, a reposição hormonal (estradiol e progesterona) deverão ser mantidas até 12 semanas.

4- Coleta de sêmen em situações especiais

Mesmo que o homem tenha uma alteração seminal importante, a maioria dos casos pode ser resolvida com a FIV associada à ICSI. Com ela, são necessária quantidades mínimas de espermatozoides. Entretanto, nos casos de azoospermia, ou seja, ausência de espermatozoides no ejaculado, podem ser necessárias técnicas mais avançadas para recuperação dos espermatozoides. Nestes casos, os espermatozoides são recuperados diretamente do testículo (ou do epidídimo) e, através de ICSI, os óvulos são fertilizados. As principais técnicas são:

PESA (Aspiração Percutânea de Espermatozoides do Epidídimo): aspira-se uma pequena quantidade de sêmen do epidídimo, um estrutura que fica atrás do testículo e armazena os espermatozoides.

TESA (Aspiração de Espermatozoides do Testículo): é uma técnica similar, na qual os espermatozoides são retirados por uma minúscula biópsia de tecido testicular.

MicroTESE (microdissecção testicular): é uma microcirurgia que possibilita a retirada dos espermatozoides diretamente dos ductos seminíferos, que é o local onde eles estão em maior concentração.